Finalmente, estou em um bom emprego, trabalhando numa área que eu sempre quis no jornalismo: na cultura. Esses dois primeiros meses foram bem puxados, afinal eu estava meio enferrujada e não sabia nem por onde começar. Passei noites sem dormir para escrever as matérias e acho que o resultado foi legal. Meu chefe é ótimo e estamos trabalhando bem juntos. Graças a deus.
Mas, mesmo com esse importante lado da minha que está entrando nos eixos, exatamente hoje me dei conta de uma coisa. Atualmente, tenho dinheiro, me visto melhor do que antes, conheço alguns bons lugares para sair na minha cidade, mas não tenho companhia. Não falo companhia de amigos, isso eu tenho e já é suficiente. Falo, como todas as outras vezes, de um namorado ou ficante, tanto faz. Poxa, isso é muito tenso...
É tenso, por exemplo, eu investir tanto em mim e não ter alguém para se orgulhar da minha companhia e me admirar. Sinceramente, até hoje, eu já fiz clareamento de dentes, várias sessões de peeling, lipo cavitação, estou fazendo depilação a laser na axila, virilha e pernas, e agora estou pensando em fazer carboxterapia. Tudo para ficar mais bonita para ver se assim consigo um namorado. E até agora, nada!
Está cada vez mais impossível também não me sentir uma pessoa patética e, por que não, quase deplorável. Há algumas semanas me cadastrei num site de relacionamentos, esses de encontros e namoros. O que era para ser apenas uma brincadeira, ficou sério. Todos os dias, checo para ver quem me deixou recado e para dar uma olhada em quem está por lá. Hoje, me peguei, fazendo uma busca por perfis que mais se encaixam com o que quero, e cutucando aqueles que mais me interessavam. Parece que estou chegando cada vez mais perto do fundo do posso. Mas acho que pior será o dia em que eu pagar por esse serviço. Por enquanto, estou apenas como usuária gratuita, mas acho que, em breve, não irei resistir e pagarei por isso para ter algumas “vantagens”.
Como já faz um tempinho que entrei, já conheci algumas pessoas e até já sai com um dos caras que conheci, e isso foi na quarta-feira passada. Ele é meio feio, mas é muito educado, inteligente e me pareceu ter certa estabilidade financeira. Bom, não animei muito ficar com ele no primeiro encontro não. Quando ele vinha me beijar, eu desviava e falava com ele que eu estava ali apenas para conhecê-lo (intenção que eu havia deixado clara antes de nos encontrarmos). Pois bem, ele me fez N elogios sobre tudo. Sobre mim, sobre minha beleza, inteligência e tal, mas é claro que não me deixei levar por isso. Afinal, tenho estado mais imune à mascação dos homens.
Mais para o final do nosso encontro, ele me convidou para sair na sexta e ir a uma festa da tia dele, no sábado. Aceitei porque, além de ele ser uma pessoa muito agradável, seria a primeira vez que um “quase” ficante iria me apresentar para alguém de sua família. Estou me sentindo péssima ao escrever isso agora. Está parecendo que sou um monstro de tão feia e, por isso, os caras têm vergonha de mim e não ficam comigo, mas não é verdade! Juro que não sei o que acontece para eles se interessarem apenas momentaneamente.
Mas voltando ao assunto... Ele falou que queria que eu fosse e eu aceitei. Entretanto, ele não me ligou nem na sexta, nem no sábado e em nenhum dia. Estive fazendo um exame de consciência e constatei que posso ter sido um pouco fria com ele e, talvez, até um pouquinho grossa, mas foi muito pouco e em momentos bem específicos. A frieza talvez tenha sido pelo fato de não estar tão interessada. A “pseudo grosseria” foi por eu já ter falado tantas vezes que não iria ficar naquele dia e, mesmo assim, ele ter insistido tanto. Mas foi uma coisa muito mínima. De qualquer jeito, o caso é que, apesar de saber que não é ele que quero, eu não queria que ele sumisse.
Sei que fiz muito bem em não ter ficado com ele. Para que eu iria fazer isso sem vontade? Só para ficar com mais um? Só para eu ter a certeza que pela milésima vez eu precipitei as coisas? Não, isso não. Embora eu saiba disso e também saiba que se ele não me procurou mais é porque não estava muito interessado, eu fiquei mal e, novamente, com uma sensação de ter sido abandonada. Fato!
Já estou com 24 anos e até hoje nunca tive um namorado de quem eu realmente me orgulhasse. Tive dois namoros, digamos, não convencionais. O primeiro foi uma merda e durou um mês. Eu namorava mais a idéia de um namorado do que um de verdade. Ele prometia mundos e fundos e não fazia nem o básico que era estar comigo. O segundo foi com um cara do Rio Grande do Sul. É isso mesmo, namorei à distância por seis meses. O vi apenas quando ele veio me visitar, mas nos falávamos todos os dias. Ele me adorava, mas eu não o admirava. Resumidamente, ele era muito dependente e sem ambição na vida, daí terminei com ele. Há muito tempo, também tive um rolo que durou um ano e terminou porque eu também não admirava a pessoa. Entre esses três relacionamentos que foram os meus mais duradouros, surgiram alguns ficantes, mas em nenhum desses casos consegui passar do terceiro encontro.
O grande problema é que já estou ficando mais velha e até agora nada. Não aproveitei a vida nesse sentido como deveria. Queria namorar muito, conhecer vários caras, ser desejada, mas, em vez disso, vivo esse marasmo sentimental. Sabe aquela expressão “sexo, drogas e rock n’ roll”? Então, o resumo da ópera é que já curti e curto muito rock n’ roll, experimentei maconha algumas vezes, e só tive uma relação sexual até agora - uma coisa que foi um acidente, já que estava muito bêbada no dia.
Meus relacionamentos são tão efêmeros que não consigo nem me imaginar namorando alguém. Sempre me imagino super feliz com a pessoa num instante e, no outro, sozinha de novo porque o cara sumiu. Tentar imaginar um casamento então é pior ainda. A sensação que tenho é que eu e o meu possível marido iremos nos cansar muito rápido um do outro.
É tenso, mas não tenho nem perspectiva de algum relacionamento realmente bom. Sempre acho que ele vai acabar antes mesmo de começar.