sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Confissões de uma pessoa aparentemente segura e arrogante - Coragem

Já fui corajosa, acho que já fui ou pareci que era, ali, quando eu tinha meus 18, 19 anos. Já falei o que quis, já fiz o que quis, já cheguei em alguns caras e já fui mais peito aberto e disposta para as coisas do que sou hoje. Ainda assim, nesta noite, um amigo me disse que sou corajosa porque quero mudar de emprego. Segundo ele, sou mais corajosa do que a maioria das pessoas, uma vez que não tenho medo de recomeçar do zero. Foi impossível não pensar que devo parecer realmente uma pessoa segura e pronta para tudo o que vier. Mas não sou.

Um grande exemplo disso é que ao ser demitida, em julho, de um dos dois empregos que tinha, quase morri de depressão. Na época, me explicaram que queriam contratar uma empresa de marketing para cuidar da imagem do meu assessorado, fazendo marketing de guerrilha. Ao sair de lá, caí em depressão (a segunda neste ano) e recomecei a me achar incompetente. Eu já sou um fracasso em relacionamentos, ser também um fracasso profissionalmente, para mim, é muito difícil de aceitar.

De lá para cá, eu não quis saber de nada, fiquei triste, chorava a toda hora e não queria nem levantar da cama. Cheguei a dormir de 12 a 14 horas por dia para não encarar a realidade e a tristeza de me ver como uma incompetente, enquanto quase todos meus colegas de faculdade estão em belos empregos.

Tentei muito achar o real motivo da demissão, mas nenhum fazia sentido além daquele que haviam me dito, sobretudo, porque nunca haviam reclamado do meu trabalho. Pelo contrário, fui elogiada algumas vezes. Um mês depois de eu ter saído de lá, descobri que a pessoa que estava me substituindo era prima do dono de uma empresa de marketing, amigo do meu chefe. As coisas ficaram um pouco mais claras e eu parei de me culpar tanto. Mas ainda acho que, se eu fosse mais competente, eu teria continuado lá. Não era o melhor trabalho do mundo, mas nunca quis sair desse jeito.

Com essa, somaram-se duas demissões em seis meses e isso destrói a auto-estima profissional de qualquer um.

Em todo esse tempo, mantive meu outro trabalho, o qual eu gostava mais. Mas isso não impediu que eu me sentisse mal. Afinal, a empresa não é grande, está começando agora, ainda não tem aquele rigor e status de um veículo de comunicação conhecido e reconhecido. Entretanto, sua proposta de trabalho é muito legal. O grande problema é o atraso do pagamento. Só para se ter uma idéia, recebi o salário de maio no fim de junho, o de junho em agosto, e o de julho devo receber em outubro, se deus quiser.

Hoje, contei a esse amigo que queria sair por causa disso e foi quando ele falou que eu era corajosa por querer recomeçar minha vida profissional de novo. Entretanto, não disse a ele que, simultaneamente, não estou querendo sair porque não me sinto confiante para tentar outro emprego. Restringi-me a dizer: “Medo de recomeçar eu não tenho mesmo não. Meu medo é outro, pior do que esse. Tenho medo de não dar conta do trabalho”. O que é a mais pura verdade.

Ele não sabe de nem 1/5 de toda minha depressão. Não quis contar a ele. Ele sempre me viu como uma pessoa forte, inteligente e de bem com a vida. Não queria que ele me visse no fundo do poço, já que sei o quanto ele acredita e “espera” que eu cresça.

Cada vez que escrevo coisas assim aqui neste blog me dou conta de como estou um bagaço de gente, em frangalhos por dentro, cheia de machucados e cicatrizes em meu coração, mente e alma. Entretanto, também fico boba de ver como ainda consigo passar uma imagem tão autoconfiante a ponto de, em meio a tanta depressão, alguém falar que sou corajosa. Sei que as pessoas acreditam nisso porque, muitas vezes, ajo como se eu não ligasse para os problemas. Para alguns, chego até a dizer e brincar que tenho a certeza que tudo vai se resolver. Isso para não me lamentar perto delas.

Só quem realmente está próximo a mim sabe como estou. Os outros vêem uma fachada quase impecável. Bem disseram uma vez: “Acho que você usa uma armadura de ferro por fora, mas, por dentro, você é uma boneca de porcelana”. Uma boneca que, mesmo com essa proteção, agora está quebrada.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Confissões de uma pessoa aparentemente segura e arrogante - Parte 2: O desenrolar das coisas

Assim que entrei no ensino médio, finalmente, comecei a fazer amigos e deixei de ser tímida. Comecei a me impor mais, ser mais espontânea e falar o que eu penso. Porém, nunca tive sorte com os garotos e acho que isso foi devido a minha aparência. Aqueles que eu queria nunca se interessavam por mim.
Até hoje só tive dois namorados que ficaram pouco tempo comigo. Eu tinha 21 anos quando namorei pela primeira vez. Esse pseudo-relacionamento durou um mês e tenho a certeza que namorei mais a idéia de um namorado do que um de verdade. Conheci meu segundo namorado pela internet no ano seguinte. Ele morava em outro estado e namoramos à distância por seis meses. O vi apenas uma vez, quando ele veio me visitar e passou uma semana na minha cidade. Nós sempre conversávamos e ele me adorava, mas eu não o admirava. Ele era muito dependente e sem ambição na vida, daí a relação não foi para frente.
Nunca me entreguei intimamente a nenhum deles e a nenhum outro cara com quem tivesse ficado, uma vez que eu não suportava a idéia de eles verem que meus seios, mesmo no auge da minha juventude, já estavam caídos, deformados e flácidos; e minha bunda cheia de estrias e celulites.
Só consegui perder minha virgindade em 2011, um mês antes de eu completar 24 anos. Eu havia saído com um meio amigo e acabei bebendo demais e essa situação foi muito ridícula. Estávamos conversando havia muito tempo e, do nada, ficamos. Durante o beijo, comecei a chorar copiosamente. O motivo? Havia sete meses que eu não ficava com uma pessoa que beijava tão bem. Que coisa patética! A última pessoa que eu havia ficado que tinha um beijo top máster foi um ex-colega de trabalho de 48 anos e casado, em 2010. Eu cheguei a ter uma paixonite aguda por ele, mas ele não quis manter nada comigo. Depois disso, tudo aconteceu rápido demais. E como diz um sábio amigo, “O antes é muito bom, o durante é muito rápido e o depois com a pessoa errada é uma merda”.  
No dia seguinte, quase morri de vergonha dele. Apesar de eu ter achado que ele me fez um “favor” – afinal, qual é o cara que gosta de tirar a virgindade de uma garota?-, me senti péssima depois de um tempo. Não atendi o telefonema dele no dia seguinte de tanta vergonha, mas fiz isso no segundo dia. Essa foi a última vez que nos falamos, depois disso, tivemos apenas uma conversa por MSN. Daí, ele nunca mais me procurou. Eu até pensei que eu quisesse levar algo a mais com ele, mas percebi que era apenas a minha carência falando mais alto. Quando ele sumiu, me senti abandonada, mas logo vi que esse era um sentimento completamente idiota.
Quando paro para pensar na minha vida amorosa, vejo o quanto tudo é efêmero e que eu nunca consigo ficar com quem eu realmente quero.
Já fiquei com caras por dó, já fiquei por persistência deles, por insistência minha, por gostar demais da pessoa, por ter me sentido desafiada, e até por não ter mais o que fazer naquele momento, e são esses caras que insistem em me ligar e querer ficar comigo de novo. Aqueles com quem eu quero manter alguma coisa somem depois do terceiro encontro. Isso se chegar até ele. E ainda tem gente que diz que sou bonita e que consigo ficar com o cara que eu quiser. Que ilusão. Se fosse assim, hoje eu contaria mais glórias do que fracassos.  

Continua....

Confissões de uma pessoa aparentemente segura e arrogante - Parte 1: O começo de tudo

A genética nunca me foi muito favorável. Sempre fui o “patinho feio” da escola, da rua e de todos meus amigos. Nunca fui popular e, por não me achar bonita, eu procurava ser o mais discreta possível para as pessoas não repararem em mim e no meu corpo. Durante a adolescência, além de ver meus seios crescerem muito rapidamente e tomarem uma forma irregular e feia, percebia também que meu nariz era (e ainda é) bastante assimétrico e desarmônico em relação aos traços do meu rosto. Hoje, com 24 anos, tenho várias lembranças de humilhação na infância por eu ser feia, um extenso histórico de rejeição, principalmente por parte dos garotos, e ainda não tenho condições financeiras para fazer as cirurgias plásticas para eu ficar mais bonita e para minha vida ser diferente.
Comecei a sofrer bullyng aos 5 anos. Lembro perfeitamente de vários episódios dessa época, quando eu morava no primeiro andar de um prédio onde havia várias crianças que sempre brincavam no corredor do edifício bem próximo à minha porta. Eu ficava doida para me juntar a elas, mas elas nunca deixavam por “ordem” de duas irmãs que sempre comandavam as brincadeiras. Elas eram filhas de um casal amigo dos meus pais, e brincavam comigo apenas quando seus pais estavam em minha casa. Faziam isso para manter a imagem de boas meninas. Na frente dos outros, me tratavam bem, mas quando não havia ninguém por perto, elas me chamavam pela janela do quarto da minha mãe apenas para me humilhar. Elas cuspiam em mim, falavam que eu era feia e que meu cabelo era ruim. Isso aconteceu várias vezes porque eu sempre atendia seus chamados na esperança de que daquela vez fosse diferente, já que quando elas me chamavam era sempre de um jeito carinhoso. Isso ate eu aparecer na janela.
Minha mãe sabia o que as meninas faziam comigo. Várias vezes ela chamou a atenção dessas crianças e alertou à mãe delas sobre o que estava acontecendo. Para que eu não tivesse sempre que brincar sozinha, minha mãe, mesmo com todo o trabalho de casa, pegava minhas bonecas e me chamava para brincar. Ela passava horas comigo, fazia vestidos para as minhas barbies e fazia tudo para que eu não sentisse a falta de outras crianças. Quando ela descobria que eu tinha alguma amiguinha na escola, ela convidava a menina para me visitar e até buscava-a em casa.
Como eu sempre fui tímida, com poucos amigos e tentava me afastar ao máximo das crianças que me criticavam e tratavam mal, minhas lembranças da infância não são muito boas, exceto pelas recordações do carinho dos meus pais.
Aos 14 anos, me mudei para uma escola onde eu era quase completamente excluída pela turma. Durante a merenda, eu ia para o canto mais distante do pátio para lanchar. Até tentei socializar, mas não deu certo. Na minha sala, havia um menino também tímido, e eu não me lembro o motivo, mas nossos colegas fizeram diversas brincadeirinhas conosco e inventaram histórias de que um estava interessado no outro. Um dia, eles armaram um encontro e nos “incentivaram” a nos beijar. Era o meu primeiro beijo. Foi uma experiência ruim, mas como até então nenhum menino havia gostado de mim, eu fiquei muito esperançosa em começar um possível namoro com ele. Entretanto, depois disso, nos tratamos como estranhos.  
Até os meus 15 anos, eu usava grandes blusas de malha para esconder meu corpo que começava a se desenvolver com a adolescência. Meu cabelo ainda continuava muito feio, eu comecei a ter cravos e espinhas, e cada vez mais percebia que os traços do meu rosto não eram harmônicos, principalmente meu nariz.
Nessa época, eu também comecei a perceber que surgiram várias estrias na minha bunda. Daí, deixei de ir a clubes e sítios onde tem piscinas. Eu não queria que as pessoas vissem meu corpo.

Continua...