sábado, 12 de fevereiro de 2011

Poema do livro ‘Capital da Dor’

Cada linha dessas me faz lembrar de apenas uma pessoa... O homem que mais cito aqui neste blog:


Poema do livro ‘Capital da Dor’ (1926)
Paul Eluard

Sua voz, seus olhos,
Suas mãos, seus lábios.
Nosso silêncio, nossas palavras.
A luz que vai embora, a luz que volta.
Um único sorriso entre nós.
Por necessidade de saber, 
Vi a noite criar o dia,
Sem que mudássemos de aparência.
Oh, bem-amado de todos,
E bem-amado de um só!
Em silêncio, sua boca prometeu ser feliz.
Cada vez mais longe, diz o ódio.
Cada vez mais perto, diz o amor.
Uma carícia leva-nos da nossa infância
Cada vez que vejo a forma humana
Como um diálogo de amantes.
O coração tem uma única boca.
Tudo por acaso.
Todas as palavras ditas inesperadamente.
Os sentimentos à deriva.
Os homens vagueiam pela cidade.
Um olhar, uma palavra
Porque eu te amo
Tudo está em movimento
Basta avançar, para viver,
Seguir adiante em direção aqueles que você ama.
Fui em sua direção, sem parar na direção da luz
Se você sorrir, é para melhor me envolver
Os raios dos seus braços entreabriram a nevoa.

Citado no filme 'Alphaville'

3 comentários:

  1. Estava eu assistindo há 30 minutos ao "Alphaville", quando cheguei a esse poema (?), pausei o vídeo segundos depois pra vir à net procurá-lo. Nos sites resultados da pesquisa que solicitei, esse seu blog foi o que pareceu mais íntegro sentimental e moralmente já pela partícula de linha que apareceu lá. Entrei, encontrei na íntegra o que li assistido no filme, e esou encantado pela sua honestidade, pelos seus desdobramentos emocionais expressos nos textos. Entendo e sinto que essas palavras não dizem tudo o que quis ser dito e o que continuou se dizendo. Enfim... Embora o que haja aí dentro exista ou tenha existido com pesar, é um bem pra você ter decidido e conseguido postá-lo, ainda porque é belo o resultado e, antes, é bela a maneira como você lida consigo aí intimamente. Quem me dera ! Paralémdebens ! Tudo de bom a você sempre. :)

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  2. obrigado, vc ajudou no meu seminario sobre este filme maravilhoso!

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  3. Éluard é excelente...

    Há cerca de dois anos, por certa ingenuidade, eu achava o contrário: via muita pieguice nos seus textos, especialmente no volume de poemas lançado no Brasil em 2009 pela Ibis Libris, os "últimos de amor".

    É bom ler hoje o mesmo livro com outra perspectiva e encontrar certa ressonância do autor por aí, ele que, embora tenha sido um grande poeta surrealista, com uma expressão lírica bastante forte, é pouco conhecido no país.

    E também gosto muito dessa cena poética em "Alphaville": bela transgressão numa cidade em que é impossível viver.

    Um beijo.

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